sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Sobre incongruências da vida, fé e certezas

Deus não se alegra com injustiças, dores, tristezas.  
Deus trabalha com princípios, e um deles é oferecer livre arbítrio ao ser humano. 
Como um pai ou mãe que sofre, briga e ora para que seu filho drogado, por exemplo, desista das drogas - assim Deus sofre por cada um de seus filhos que opta por caminhos de morte. 
Contudo, a decisão final será de cada um de nós. Ainda que Ele sofra, Ele não pode decidir em nosso lugar. Deus assumiu um ponto "vulnerável": Ele pode ser rejeitado.  
Assim como o ser humano quase irracionalmente destrói o planeta, tanto mais o ser humano se afasta de Deus.  
O que gera morte, tristeza e dor para a raça humana.  
Se Deus é onipotente porque Ele não intervém então?  
Certo dia estava questionando o controle de Deus sobre tudo já que aquela criança que apareceu no jornal foi engolida por um jacaré, num zoológico. Como Deus pode providenciar tudo para alguns e "permitir" um disparate desses?  
Álvaro me respondeu: "Se Deus sempre consertar as aberrações dos seres humanos será que terão consciência de pra onde suas escolhas estão os levando? Um exemplo - ele continuou - se um pai sempre colocar em ordem a bagunça que um filho faz no seu quarto, estará prejudicando ou ajudando esse filho a enxergar a consequência de suas ações?  
Neste mundo ainda estamos "presos" ao livre arbítrio uns dos outros. Podemos sofrer em consequência do livre arbítrio alheio, da maldade alheia. Infelizmente. Isso é muito triste, mas é um fato.  
Contudo, mesmo aí, na injustiça, no sofrimento absurdo, na dor que torna muda a esperança - mesmo aí, Deus não nos abandonou. Ele se identifica com nosso sofrimento. Em Mateus 17. 12 está escrito: "Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas FIZERAM-LHE TUDO O QUE QUISERAM. Assim farão eles também padecer o Filho do Homem."  
Deus permitiu que Seu Filho fosse entregue nas mãos dos homens e FIZERAM TUDO O QUE QUISERAM com Ele. Deus deixou Jesus experimentar um sofrimento absurdo não porque queria que todos os seus filhos sofram, pelo contrário, porque quis nos livrar do sofrimento para sempre. Deus se identificou com a nossa dor, com toda dor do mundo. E nos convida para perto Dele para acabar com todo nosso sofrimento um dia.  
Contudo, Deus é Aquele que pode livrar o ser humano do mal - ainda nesse tempo, operar o MILAGRE e fazer seus filhos andarem em cima das águas em meio à tempestade. Ele pinta um arco-íris no deserto daqueles que não desistem de olhar pra Ele.  
Fé tem a ver com acreditar no caráter de Deus.  
A despeito de qualquer tormenta, Deus sempre é o mesmo, totalmente desejável, imensamente poderoso e capaz de transformar o mal em bem.  
Jesus podia ter feito a tempestade cessar antes de Pedro ter descido do barco, mas Ele não o fez. Pedro desceu e OLHANDO para a força do vendo, temeu. Começou a afundar e pediu socorro. Jesus segurou a mão dele e o ergueu. Voltaram andando sobre as águas para o barco. E só depois, Jesus acalma a tempestade.  
Deus queria testar a fé de seus discípulos a troco de nada? Joguete? 
Acredito que não.  
Deus queria e continua querendo treinar seus discípulos a crer Nele. A Caminharem confiantes no caráter Dele. Ele nos deixa passar pelo vale pra nos levar além.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Livro: Temor e Tremor


“Deste pensador digno de veneração, humilde e leal, não haverá quem deixe de ler os escritos com a mais profunda emoção; Descartes fez aquilo que afirmou e afirmou tudo quanto fez. Ah! Ah! Aí está uma coisa inaudita em nossos dias! Descartes não teve dúvidas em matéria de fé, como ele mesmo incansavelmente repete em diversas passagens: ‘Não devemos ser de tal modo presunçosos que creiamos que Deus nos tenha querido dar conhecimento de suas resoluções...Teremos, principalmente, como regra infalível que aquilo que foi revelado por Deus é sem qualquer comparação mais verdadeiro do que tudo o mais, para que, no caso de uma faísca de razão nos parecer sugerir ideia diferente, estejamos prontos a submeter o juízo ao que venha de sua parte...” (PRINCÍPIOS DE FILOSOFIA, Primeira Parte, Páginas 28 e 76)

Retirado de: KIERKEGAARD, Soren. Temor e tremor. Editora: Ediouro.